quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Querer

Não te quero senão porque te quero
E de querer-te a não querer-te chego
E de esperar-te quando não te espero
Passa meu coração do frio ao fogo.
Te quero só porque a ti te quero,
Te odeio sem fim, e odiando-te rogo,
E a medida de meu amor viageiro
É não ver-te e amar-te como um cego.
Talvez consumirá a luz de janeiro
Seu raio cruel, meu coração inteiro,
Roubando-me a chave do sossego.
Nesta história só eu morro
E morrerei de amor porque te quero,
Porque te quero, amor, a sangue e a fogo.

(Pablo Neruda)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Metal Contra as Nuvens

I

Não sou escravo de ninguém
Ninguém, senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E, por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz.

Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais.

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.

Reconheço meu pesar
Quando tudo é traição,
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.

Minha terra é a terra que é minha
E sempre será
Minha terra tem a lua, tem estrelas
E sempre terá.

II

Quase acreditei na sua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa.

Quase acreditei, quase acreditei

E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.

Olha o sopro do dragão...

III

É a verdade o que assombra
O descaso que condena,
A estupidez, o que destrói

Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais
Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.

Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos.

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.

Não me entrego sem lutar
Tenho, ainda, coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então.

IV

- Tudo passa, tudo passará...

E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.

E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos.
O mundo começa agora
Apenas começamos.

Legião urbana
Composição: Dado Villa-Lobos/ Renato Russo/ Marcelo Bonfá

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Tempo e intensidade

Quase tudo na vida é uma questão de tempo e intensidade.
O tempo que se leva,
o jeito que se faz,
o tempo que se vive,
o jeito que se vive.

Tempo é tudo que somos;
Uma breve noção de data, dias, horas e minutos;
ou o que fizemos com esses dias, horas e minutos
Juntado o que fizemos deles
Resumiria a nossa vida com uma sinopse barata de um óbito de jornal qualquer

A vida vem e nos leva com ela
Ela vai tão de repente que quando percebemos, já passou!
E geralmente nos perguntamos - E o que fica?
Se tudo é tão transitório!
Uma hora posso estar aqui e outra já não estar
Uma hora posso ser e outra nada ser;

Uma realidade transitória e nunca permanente
Os sonhos que se perdem como as chaves da nossa casa que fica por algum canto esquecida, sendo que guarda o nosso maior patrimônio.
A ilusão que adora o pranto da minha alma.
Ou a figura ilustre do amor que por muitas vezes adorna nosso ser, fingindo ser eterno;
ou como já dizia o poeta: “que seja eterno enquanto dure”
Mas não apenas o amor, a vida também é assim,
Que seja eterna enquanto dure!

Viver de verdade, amar de verdade,
Aqui e agora, como se tudo fosse pra sempre
Esquecendo e lembrando que outrora morreremos e estamparemos um jornal com a notícia de nosso óbito e uma breve sinopse de quem nós fomos
Onde o que fica são histórias, experiências, lembranças e velhas fotografias.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Agonia

Se fosse resolver
iria te dizer
foi minha agonia
Se eu tentasse entender
por mais que eu me esforçasse
eu não conseguiria
E aqui no coração
eu sei que vou morrer
Um pouco a cada dia
E sem que se perceba
A gente se encontra
Pra uma outra folia
Eu vou pensar que é festa
Vou dançar, cantar
é minha garantia
E vou contagiar diversos corações
com minha euforia
E a amargura e o tempo
vão deixar meu corpo,
minha alma vazia
E sem que se perceba a gente se encontra
pra uma outra folia

Oswaldo Montenegro

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Copo Vazio

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.

É sempre bom lembrar
Que o ar sombrio de um rosto
Está cheio de um ar vazio,
Vazio daquilo que no ar do copo
Ocupa um lugar.

É sempre bom lembrar,
Guardar de cor que o ar vazio
De um rosto sombrio está cheio de dor.

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.
Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho,
Que o vinho busca ocupar o lugar da dor.
Que a dor ocupa metade da verdade,
A verdadeira natureza interior.

Uma metade cheia, uma metade vazia.
Uma metade tristeza, uma metade alegria.
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor.
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor.

É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar.

Gilberto Gil

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Fumaça que sobe

O cigarro faz uma argola no ar...!
Não sei, quem pensa em mim?
Também, não sei, em quem penso?
Que ninguém pense em mim!
Que também,
não quero pensar;
em ninguém!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Mais uma dose

Uma dose pra aquecer
Ou pra esquecer
Talvez apenas
Para enfrentar o inverno

Uma das melhores coisas na vida
é esquecer algo que te faz sofrer;
Sentir a liberdade;
pensar a vontade;
Sem aquela pessoa ou coisa
ruminando o pensamento

A vida seguiu
O tempo passou
O amor morreu
E outro nasceu

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Cáos

É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela.

Friedrich Nietzsche