quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Loucos

"Mas nesta época eles dançavam pelas ruas como piões frenéticos e eu me arrastava na mesma direção como tenho feito toda minha vida, sempre rastejando atrás de pessoas que me interessam, porque, para mim, pessoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, que querem tudo ao mesmo tempo, aqueles que nunca bocejam e jamais falam chavões, mas queimam, queimam, queimam, como fabulosos fogos de artifício explodindo como constelações em cujo centro fervilhante pop pode-se ver um brilho azul intenso até que todos caiam no "aaaaaaaaaaaaaah!" Como é mesmo que eles chamavam esses garotos na Alemanha de Goethe?" On the road - J.K.

domingo, 28 de outubro de 2012

Relacionamentos

“Onde não há pensamento a longo prazo, dificilmente pode haver um senso de destino compartilhado, um sentimento de irmandade, um impulso de cerrar fileiras, ficar ombro a ombro ou marchar no mesmo passo. A solidariedade tem poucas chances de brotar e fincar raízes. Os relacionamentos destacam-se sobretudo pela fragilidade e pela superficialidade” Z. Bauman. Vidas desperdiçadas

sábado, 22 de setembro de 2012

A gente se acostuma!

"A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado. A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evitar sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma".

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Novo rumo

Em busca de um novo rumo; tentando provar para todo mundo que eu não preciso provar nada para ninguém! A sorte sou alheio e o meu destino eu mesmo traço. Em linhas tortas de um velho esboço desenho a vida real.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Os mortais

" - Os deuses nos invejam. Eles nos invejam porque somos mortais. Porque todo momento pode ser o último. Nós estamos fadados a isso! Você nunca mais ficará linda como está agora. E nós, nunca mais estaremos aqui de novo!" Do filme, TRÓIA.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Querido Diário (tópicos para uma semana utópica)

"Segunda-feira: Criar a partir do feio Enfeitar o feio Até o feio seduzir o belo Terça-feira: Evitar mentiras meigas Enfrentar taras obscuras Amar de pau duro Quarta-feira: Magia acima de tudo drogas barbitúricos I Ching Seitas macabras O irracional como aceitação do universo Quinta-feira: Olhar o mundo Com a coragem do cego Ler da tua boca as palavras Com a atenção do surdo Falar com os olhos e as mãos Como fazem os mudos Sexta-feira: Assunto de família: Melhor fazer as malas E procurar uma nova (Só as mães são felizes) Sábado: Não adianta desperdiçar sofrimento Por quem não merece É como escrever poemas no papel higiênico E limpar o cu Com os sentimentos mais nobres Domingo: Não pisar em falso Nem nos formigueiros de domingo Amar ensina a não ser só Só fogos de São João no céu sem lua Mas reparar e não pisar em falso Nem nas moitas do metrô nos muros E esquinas sacanas comendo a rua Porque amar ensina a ser só Lamente longe por favor Chore sem fazer barulho" Cazuza

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Um Sopro de Vida

“Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida. Viver é uma espécie de loucura que a morte faz. Vivam os mortos porque neles vivemos” – Clarice Lispector, Um Sopro de Vida.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Conexão

“Por mais que eu me apegasse a uma ‘boceta’, eu sempre ficava mais interessado na pessoa que a possuía. Uma boceta não vive uma existência separada. Nada vive. Tudo está interrelacionado. Talvez uma boceta, por mais cheirosa, seja um dos símbolos primais para a conexão entre todas as coisas. Entrar na vida por meio da vagina é um caminho tão bom como qualquer outro. Se você entrar bem fundo e permanecer o tempo suficiente, vai encontrar o que procura. Mas você precisa entrar com coração e alma – e deixar seus pertences do lado de fora. (Por pertences eu me refiro a medos, preconceitos, superstições.)”“Por mais que eu me apegasse a uma ‘boceta’, eu sempre ficava mais interessado na pessoa que a possuía. Uma boceta não vive uma existência separada. Nada vive. Tudo está interrelacionado. Talvez uma boceta, por mais cheirosa, seja um dos símbolos primais para a conexão entre todas as coisas. Entrar na vida por meio da vagina é um caminho tão bom como qualquer outro. Se você entrar bem fundo e permanecer o tempo suficiente, vai encontrar o que procura. Mas você precisa entrar com coração e alma – e deixar seus pertences do lado de fora. (Por pertences eu me refiro a medos, preconceitos, superstições.)” Henry Miller

terça-feira, 8 de maio de 2012

Da mulher velha e da nova

“Por que deslizas tão furtivamente durante o crepúsculo, Zaratustra? E que ocultas com tanta precaução debaixo da tua capa? É algum tesouro que te deram? É um menino que te nasceu? Seguirás tu também agora o caminho dos ladrões amigo do mal?” “— Claro, meu irmão! — respondeu Zaratustra. — Levo aqui um tesouro: uma pequena verdade. É, porém, rebelde como uma criança, e se lhe não tapasse a boca gritaria desaforadamente. Seguia eu hoje solitário o meu caminho, à hora em que o sol se escondia, quando encontrei uma velha que falou assim à minha alma: “Zaratustra tem falado muito até mesmo conosco, mulheres, mas nunca nos falou da mulher”. Eu respondi: “Não é preciso falar da mulher senão aos homens”. “Fala-me a mim também da mulher — disse ela. — Sou bastante velha para esquecer logo tudo quanto me digas”. Cedi ao desejo da velha, e disse-lhe assim: “Na mulher tudo é um enigma e tudo tem uma só solução: a prenhez. O homem é para a mulher um meio; o fim é sempre o filho. Que é, porém, a mulher para o homem? O verdadeiro homem quer duas coisas: o perigo e o divertimento. Por isso quer a mulher, que é o brinquedo mais perigoso. O homem deve ser educado para a guerra e a mulher para prazer do guerreiro. Tudo o mais é loucura. O guerreiro não gosta de frutos doces demais. Por isso a mulher lhe agrada: a mulher mais doce tem sempre o seu quê de amargo. A mulher compreende melhor do que o homem as crianças: mas o homem é mais infantil que a mulher. Em todo o verdadeiro homem se oculta uma criança: uma criança que quer brincar. Eia, mulheres! descobri no homem a criança! Seja a mulher um brinquedo puro e fino como o diamante, abrilhantado pelas virtudes de um mundo que ainda não existe. Cintile no vosso amor o fulgor de uma estrela! A vossa esperança que diga: “Nasça de mim, do Super-homem!” Haja valentia no vosso amor! Com o vosso amor deveis afrontar o que vos inspire medo. Cifre-se a vossa honra no vosso amor! Geralmente a mulher pouco entende de honra. Seja, porém, honra vossa amar sempre mais do que fordes amadas e, nunca serdes a segunda. Tema o homem a mulher, quando a mulher odeia: porque, no fundo, o homem é simplesmente mau; mas a mulher é perversa. A que odeia mais a mulher? O ferro falava assim ao imã: “Odeio-te mais do que tudo porque atrais sem ser forte bastante para sujeitar”. A felicidade do homem é: eu quero; a felicidade da mulher é: ele quer. “Vamos! Já nada falta no mundo!” — assim pensa a mulher quando obedece de todo o coração. E é preciso que a mulher obedeça e que encontre uma profundidade para a sua superfície. A alma da mulher é superfície: móvel e tumultuosa película de águas superficiais. A alma do homem, porém, é profunda, a sua corrente brame em grutas subterrâneas; a mulher pressente a sua força mas não a compreende”. Então a velha respondeu-lhe: “Zaratustra disse muitas coisas bonitas, mormente para as que são novas. Coisa singular! Zaratustra conhece pouco as mulheres, e, contudo, tem razão no que diz delas! Será porque nada é impossível na mulher? E agora, como recompensa, aceita uma pequena verdade. Sou suficientemente velha para te dizer. Sufoca-a, tapa-lhe a boca, porque do contrário grita alto demais”. “Venha a tua verdade, mulher!” — disse eu, e a velha falou assim: “Acompanhas com as mulheres? Olha, não te esqueça o látego”. Assim falava Zaratustra.

Do caminho do criador

Queres, meu irmão, partir para o isolamento? Queres procurar o caminho que a ti próprio conduz? Hesite um momento ainda e escuta. "Quem procura facilmente se perde. Todo o isolamento é um pecado". Assim fala a multidão, o rebanho; e tu pertenceste ao rebanho por muito tempo. Por muito tempo ainda falará, no fundo de ti próprio, a voz do rebanho. E quando disseres: "A minha conciência já nada tem de comum com a vossa", tal será para ti queixume e dor. Pois é ainda essa consciência comum que produziu tal dor; e o último clarão dessa consiciência lança ainda um reflexo sobre a tristeza. Mas tu queres seguir esse caminho da tristeza, o caminho que conduz a ti próprio? Então mostra-me se para tal possuis o direito e a força. És força nova e direito novo? Primeiro motor? Roda que gira por si própria? Podes obrigar as próprias estrelas a gravitar ao teu redor? Ai de mim! vêem-se tantas cobiças estendidas para os cumes! Tantas contorções ambiciosas! Mostra-me que não és um disfrutador nem um ambicioso. Ai de mim! há tantos pensamentos elevados que apenas agem à maneira de um fole: ao dilatarem-se aumentam o vazio. Dizes-te livre? O que pretendo conhecer é o teu pensamento soberano; não me interessa saber qual o jugo que sacudiste de ti. És daqueles que têm o direito a subtraírem-se ao jugo? Muitos perderam a última parcela do seu valor no dia em que se libertaram da servidão. Livre de quê? Pouco importa a Zaratustra. Mas que o teu olhor me diga claramente para que fim és livre. Saberás prescrever a ti próprio o teu bem e o teu mal, e suspender acima da tua cabeça o teu amor erigido em lei? Saberás ser o seu próprio juiz e o vingador da tua própria lei? Terrível é um tal diálogo, frente a frente com o juiz e o vingador da nossa própria lei! Assim um astro se vê precipitado no espaço vazio e no hálito glacial da solidão. Ainda hoje sofres da multidão, ó solitário; ainda hoje dispões da tua coragem inteira, e das tuas esperanças. Mas venha o dia em que te cansarás da tua solidão, em que o teu orgulho vergará, em que a tua coragem rangerá os dentes. Então hás-de gritar: "Estou só!" Um dia a tua grandeza escapará ao teu olhar e a tua baixeza apertar-te-á o pescoço, o teu pensamento mais sublime te apavorará, como um fantasma. Um dia gritarás: "Tudo é falso!" Há sentimentos que procuram matar o solitário; se falham, então que ele os mate! Mas haverá em ti o estofo de um assassino? Meu irmão, conheces já esta palavra: desprezo? E esse cúmulo da tua justiça... ser justo par com aqueles que te desprezam? Obrigaste muita gente a mudar de opinião a teu respeito; querem-te terrivelmente mal por isso. Aproximaste-te deles, mas seguiste o teu caminho; nunca to perdoarão. Passas além deles; mas quanto mais te elevas, mais pequeno te tornas aos olhos dos invejosos. Aqueles a quem mais se odeia, é o que possui asas. "Como poderíeis ser justos para comigo? deverias tu dizer-lhes. Escolhi para meu quinhão a vossa injustiça". Eles lançam sobre o solitário a injustiça e a imundície; mas, meu irmão, se quiseres ser uma estrela, não é por isso que os iluminarás menos. Livra-te dos bons e dos justos. Gostam de pôr na cruz aqueles que são os inventores da sua própria virtude - odeiam o solitário. Livra-te da santa simplicidade. Tudo o que não é simples lhe parece sacrílego; também ela gosta de brincar com o fogo - o fogo dos autos-de-fé. E livra-te também dos teus acessos de ternura pelos homens. É comum no solitário ser demasiado rápido a estender a mão à primeira pessoa que lhe aparece. Há muita gente a quem não deverás estender a mão, mas a pata; e esforça-te por que a tua pata tenha garras! Mas serás sempre, para ti próprio, o teu pior inimigo; por todo o lado de emboscada, és tu que a ti próprio te espreitas no fundo das cavernas e das florestas. Solitário, tu segues o caminho que a ti próprio conduz. E nesse caminho encontrar-te-ás a ti próprio, e aos teus sete demônios. Sentir-te-ás herético e feiticeiro e adivinho e louco e céptico e sacrílego e malfeitor aos teus próprios olhos. Ser-te-á necessário consumires-te na tua própria chama; como poderias nascer de novo, se te não houvesses consumido primeiramente? Solitário, tu segues o caminho dos criadores. Dos teus sete demônios tentas fazer nascer um Deus. Solitário, tu segues o caminho dos apaixonados; é a ti que amas e por isso te desprezas como só os apaixonados sabem desprezar. É por desprezo que o apaixonado quer criar. Conhecerá o amor aquele que se não sentiu obrigado a desprezar o que amava? Retira-te para a tua solidão, ó meu irmão, com o teu amor e a tua vontade criadora; só mais tarde te seguirá a justiça, com o seu pé coxo. Retira-te para a tua solidão, meu irmão, as minhas lágrimas te seguem. Amo o homem que quer criar o que o ultrapassa, e disso perece. Assim falava Zaratustra

domingo, 1 de abril de 2012

Bukowskiando!

‎"Como qualquer um pode lhe dizer, não sou um homem muito bom. Não sei que palavra usar para me definir. Sempre admirei o vilão, o fora-da-lei, o filho-da-puta. Não gosto dos garotos bem barbeados com gravatas e bons empregos. Gosto dos homens desesperados, homens com dentes rotos e mentes arruinadas e caminhos perdidos. São os que mais me interessam. Sempre cheios de surpresas e explosões. Também gosto de mulheres vis, cadelas bêbadas que não param de reclamar, que usam meias-calças grandes demais e maquiagens borradas. Estou mais interessado em pervertidos do que em santos. Posso relaxar com os imprestáveis, porque sou um imprestável. Não gosto de leis, morais, religiões, regras. Não gosto de ser moldado pela sociedade."