terça-feira, 3 de maio de 2016

Mar de Sophia

Mar, metade da minha alma é feita de maresia 
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia, 
Que há no vasto clamor da maré cheia, 
Que nunca nenhum bem me satisfez. 
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia 
Mais fortes se levantam outra vez, 
Que após cada queda caminho para a vida, 
Por uma nova ilusão entontecida. 

E se vou dizendo aos astros o meu mal 
É porque também tu revoltado e teatral 
Fazes soar a tua dor pelas alturas. 
E se antes de tudo odeio e fujo 
O que é impuro, profano e sujo, 
É só porque as tuas ondas são puras. 

Sophia de Mello Andresen

Manoel de Barros - poesias

"Poderoso pra mim não é aquele que descobre ouro. Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas) Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil. Fiquei emocionado e chorei"
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"O Tempo só anda de ida.
A gente nasce, cresce, envelhece e morre.
Pra não morrer
É só amarrar o Tempo no Poste.
Eis a ciência da poesia:
Amarrar o Tempo no Poste!"

E respondendo mais: "dia que a gente estiver com tédio de viver é só desamarrar o Tempo do Poste."
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"As coisas não querem mais ser vistas por pessoas razoáveis: Elas desejam ser olhadas de azul"
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"Poeta: sujeito com mania de comparecer aos próprios desencontros."

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...que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós.