sexta-feira, 21 de março de 2014

F.Pessoa

"Tudo quanto vive, vive porque muda; muda porque passa; e, porque passa, morre. Tudo quanto vive perpetuamente se torna outra coisa, constantemente se nega, se furta à vida." Fernando Pessoa

Instante

Uma semente engravidava a tarde. Era o dia nascendo, em vez da noite Perdia amor seu hálito covarde, e a vida, corcel rubro, dava um coice, mas tão delicioso, que a ferida no peito transtornado, aceso em festa, acordava, gravura enlouquecida, sobre o tempo sem caule, uma promessa. A manhã sempre sempre, e dociastuto seus caçadores a correr, e as presas num feliz entregar-se, entre soluços E que mais, vida eterna, me planejas? 0 que se desatou num só momento não cabe no infinito, e é fuga e vento. Carlos Drummond de Andrade