Desordem e Ordem, Kháos e Kósmos, Não-Ser e Ser: estas são algumas das velhas dicotomias que vêm ocupando o pensamento...
quinta-feira, 5 de novembro de 2015
Responde Deleuze
responde Deleuze, na esteira de Nietzsche: uma “possibilidade de vida se avalia nela mesma, pelos movimentos que ela traça e pelas intensidades que ela cria”, “não há nunca outro critério senão o teor da existência, a intensificação da vida”.
terça-feira, 3 de novembro de 2015
Retrocedendo, mas não ficando para trás
Quem hoje ainda começa o seu desenvolvimento com sentimentos religiosos e depois continua, talvez por muito tempo, a viver na metafísica e na arte, recuou certamente um bom pedaço e inicia a disputa com outros homens modernos em condições desfavoráveis: aparentemente ele perde tempo e terreno. Mas, por haver se detido em regiões onde o calor e a energia são desencadeados, e onde continuamente o poder flui de fonte inesgotável, como uma torrente vulcânica, ao deixar no momento certo essas regiões ele avança mais rapidamente, seu pé adquire asas, seu peito aprende a respirar de maneira mais calma, mais profunda e constante. - Ele apenas recuou, para ter terreno bastante para seu salto: então pode até haver algo de terrível, de ameaçador, nesse recuo.
Friedrich Nietzsche
Friedrich Nietzsche
terça-feira, 4 de agosto de 2015
Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu ?”
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu ?”
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa
segunda-feira, 27 de julho de 2015
Poesia beat
"Pois juntos somos capazes de ver
a beleza das almas
ocultas como os diamantes
dentro do relógio do mundo,
somos capazes, assim como mágicos
chineses, de confundir os imortais
com nossa intelectualidade
escondida na neblina
trombando pelas ruas
no automóvel do nosso destino
dividiremos um cigarro de arcanjo
e adivinharemos o futuro um do outro:"
Allen Ginsberg
a beleza das almas
ocultas como os diamantes
dentro do relógio do mundo,
somos capazes, assim como mágicos
chineses, de confundir os imortais
com nossa intelectualidade
escondida na neblina
trombando pelas ruas
no automóvel do nosso destino
dividiremos um cigarro de arcanjo
e adivinharemos o futuro um do outro:"
Allen Ginsberg
sexta-feira, 24 de julho de 2015
Saudade
Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.
(Pablo Neruda)
sexta-feira, 3 de julho de 2015
pecado contra a solidão
Cada um de
nós nasceu com uma dose de pureza predestinada a ser corrompida pelo comércio
com os homens, por esse pecado contra a solidão. Assim é, pois cada um de nós
faz o impossível para não se ver entregue a si mesmo. Tal coisa não é
fatalidade, e sim tentação pela decadência. Incapazes de guardar nossas mãos
limpas e nossos corações intactos, manchamo-nos com o contato de suores
estranhos, arrastamo-nos sedentos de asco e fervorosos de pestilência na lama
unânime. E quando sonhamos com mares convertidos em água benta é tarde demais
para mergulharmos neles. Nossa corrupção demasiada profunda nos impede de
afogarmo-nos ali. O mundo infectou nossa solidão. As impressões dos outros
sobre nós mesmos se fazem indeléveis. (Emil Cioran)
terça-feira, 13 de janeiro de 2015
Os loucoss
“Aqui estão os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os pinos redondos nos buracos quadrados. Aqueles que vêem as coisas de forma diferente. Eles não curtem regras. E não respeitam o status quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou caluniá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Empurram a raça humana para a frente. E, enquanto alguns os vêem como loucos, nós os vemos como geniais. Porque as pessoas loucas o bastante para acreditar que podem mudar o mundo, são as que o mudam.”
Jack Kerouac
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