Cada um de
nós nasceu com uma dose de pureza predestinada a ser corrompida pelo comércio
com os homens, por esse pecado contra a solidão. Assim é, pois cada um de nós
faz o impossível para não se ver entregue a si mesmo. Tal coisa não é
fatalidade, e sim tentação pela decadência. Incapazes de guardar nossas mãos
limpas e nossos corações intactos, manchamo-nos com o contato de suores
estranhos, arrastamo-nos sedentos de asco e fervorosos de pestilência na lama
unânime. E quando sonhamos com mares convertidos em água benta é tarde demais
para mergulharmos neles. Nossa corrupção demasiada profunda nos impede de
afogarmo-nos ali. O mundo infectou nossa solidão. As impressões dos outros
sobre nós mesmos se fazem indeléveis. (Emil Cioran)
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